Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2012

SPLEEN E IDEAL

VI Os Faróis Charles Baudelaire    Rubens, rio do olvido, jardim da preguiça, Divã de carne tenra onde amar é proibido, Mas onde a vida aflui e eternamente viça, Como o ar no céu e o mar dentro do mar contido; Da Vinci, espelho tão sombrio quão profundo, Onde anjos cândidos, sorrindo com carinho Submersos em mistério, irradiam-se ao fundo Dos gelos e pinhais que lhes selam o ninho; Rembrandt, triste hospital repleto de lamentos, Por um só crucifixo imenso decorado, Onde a oração é um pranto em meio aos excrementos, E por um sol de inverno súbito cruzado; Miguel Ângelo, espaço ambíguo em que vagueiam Cristos e Hércules, e onde se erguem dos ossários Fantasmas colossais que à tíbia luz se arqueiam E cujos dedos hirtos rasgam seus sudários; Impudências de fauno, iras de boxeador, Tu que de graças aureolaste os desgraçados, Coração orgulhoso, homem fraco e sem dor, Puget, imperador soturno dos forçados; Watteau, um carnaval d

SÃO PETERSBURGO

Imagem
Noites Brancas Por Lidia Izecson                           Brancas, branquíssimas, assim são as pernas das moças russas nesse verão. Os braços, também brancos, roliços, brigam com as mangas que querem aprisioná-los. Elas andam nas margens do Rio Neva respirando os ares da abertura. Parecem ignorar os muros do século XVIII, as pontes, as igrejas com torres em forma de cebola , os  palácios de verão e inverno, de Pedros, Alexandres, Catarinas.       Ainda estou olhando para elas quando vejo que o relógio da torre marca onze horas. Preciso dormir, penso. A noite chegou, chegou? Procuro, não encontro, onde se escondeu? São noites brancas dizem as moças, brancas como nós, leitosas, transparentes, sem trevas, aparecem entre maio e julho       Intrigada, volto ao hotel sabendo que preciso dormir. Às três e meia da manhã um mistério levanta meus cabelos e abro as janelas pálida de espanto. Ora direis, ouvir estrelas, mas onde as estrelas? Só há luz, claridade e o meu encant

MOSCOU

Imagem