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A voz de meu pai
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A voz de meu pai Não me lembro da voz de meu pai. Recordo-me de suas ideias, opiniões e crenças; não de sua voz. Se falava muito ou pouco Se era categórico em suas afirmações se sua voz era macia ou grave não consigo me lembrar me lembro de sua boa-vontade, amizade e paciência com minhas manias de adolescência. De seus conselhos sobre o trato com as meninas para mim e para toda a molecada, cujos pais não tinham tempo ou coragem de tocar no assunto. Seus eternos problemas financeiros nunca impediram que eu fosse ao cinema, comprasse camisa-esporte ou sapato marron. Para eu me dar bem na vida, deveria de ser engenheiro ou militar. Tinha muitos amigos que o chamavam pelo sobrenome. Lembro-me do retrato que fez de minha mãe Perdido para sempre no sótão da casa do interior. Do seu corte de cabelo, dos seus óculos, do seu bigode, das sopas com estranhos temperos improvisadas depois do cansaço do dia. D
para Alexis
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Se Se partires sem esclarecer as dúvidas, Sem aviso, nem anúncio, sem hora marcada Assim, de surpresa Ficarei aqui, sem saber o seu nome, endereço ou RG Sem saber o porquê Se neste momento, um avião passar com ruído ensurdecedor sem notar nem avaliar, a perda destes anos. E se, de repente, partires Assim, sem se despedir Antes que eu tenha acertado as contas Perderei pra sempre a única chance que tive de ouvir o teu piano de apreciar os teus quadros, teus cavalos amestrados. para Alexis Weissenberg, (pianista búlgaro morto em 2012, que quase vi tocar em Montpelier, em 1993. Ele cancelou.)