Poema-alívio






Poema-alívio

Será preciso me exilar em Buenos Aires
para escrever o meu livro de poemas?
exílio-poema?
poema do exílio?

Ou fugir para as montanhas azuis
ao redor da cidade de Campos do Jordão?

Para o campinho trás de casa
Armado com cartucheiras e revólveres
a caçar comanches e cheyennes?


Mas... poemas não são feitos de perguntas.
Nem são feitos de saudades
daqueles que ficaram esquecidos 
nas esquinas do tempo.
Nem são feitos para saciar a curiosidade de saber
dos segredos das árvores do peral.


Poemas são feitos para aliviar a alma!


Poema-fuga para a casa de Francisca,
televizinha de Rin tin tin, cabo Rusty e tenente Rip Master
protegidos do futuro incerto
da incompreensão das coisas tolas,
das coisas todas
das palavras incertas,
desnecessárias


Poema insano
Da manhã nublada e úmida
Do avião que corta o céu em curva
Do som que resta do avião
que corta o céu azul das montanhas
ao redor da cidade de Campos do Jordão.

verão de 2018

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

GYOTAKU