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madeleines

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                     Menos de um mês após o falecimento de minha mãe recebi uma mensagem, por meio de um desses milagres da tecnologia pelos quais estamos todos enfeitiçados atualmente, me convidando para participar de um encontro de amigos e conhecidos do passado.           O período em questão refere-se aos quase dez anos que vivi com minha mãe em Campos do Jordão, entre 1956 e 1967, ano em que concluí o curso ginasial e decidi morar com meu pai em São Paulo, por mais dez anos, até o falecimento dele em 1977. O contato fez emergir um turbilhão de memórias, personagens e episódios escondidos nas dobras do tempo. Fotos com imagens aparentemente esquecidas, guardadas na gaveta da memória, no armário da nostalgia, como madeleines de Proust, despertaram minha memória involuntária, evocando sentimentos ambíguos. Pequenas lembranças, afetos, emergiram com a rapidez de um flashback transformando minha cabeça numa tela de cinema cuja película, parafr

Pintura Sobrevivente

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A pintura sobrevivente É comum a relação entre pintura e história da arte, história que de alguma maneira recriou a própria ideia de Arte, dividindo suas manifestações em artistas, períodos e estilos, datas e grupos, povos e acontecimentos. Na história o tempo é totalmente abstrato, calcado na linguagem e definitivamente não experienciado por nós. Em uma olhada por sobre estas pinturas, constataremos que não podemos vê-las apenas pelo vocabulário fixo e sedentário da história. Nômades, as imagens, não só na pintura, estão totalmente imbricadas de temporalidade e são a própria existência do tempo, arrastando com elas as formas que, desde o platonismo, se pretendem fixas e eternas.  As formas são pathos e foram forjadas na antiguidade, ao contrário do que prevê a história, elas não começam nem acabam pois também se transmutam  no tempo e sobrevivem  de uma maneira pulsante e intensa  através de todas as obras do homem. Na pintura as formas são evocadas na temporalidade d

GYOTAKU

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As primeiras formas de impressão conhecidas foram feitas a partir de objetos da natureza. Tintas ou pigmentos foram aplicados diretamente sobre superfícies de elementos relativamente planos, como por exemplo, a própria mão, a fim de captar e transportar as suas imagens para o papel ou outras superfícies. Gyotaku é o nome dado ao tradicional método japonês de impressão manual de um peixe. O termo é composto pelas palavras “Gyo”, peixe e “Taku”, impressão. O surgimento desta prática data de meados do século XIX. Supõe-se que esta forma de impressão pode ter sido criada ​​por pescadores para registrar e exibir a imagem das suas capturas. Há dois caminhos para imprimir o peixe: impressão direta ou indireta ( frottage ). Na impressão indireta, o artista utiliza um lápis ou outra ferramenta de desenho e faz fricção sob

MAURIZIO NANNUCCI

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AS FOTOS DE WALTER MENEZES

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O   graffiti é a manifestação da cultura urbana que pretende resgatar a antiga pintura mural. Ao deslocar a pintura do espaço restrito do museu para o espaço público da cidade, estabelece-se uma nova relação com a escala da paisagem urbana e com o espectador em constante movimento. O homem urbano não  dispõe  de tempo para ficar parado defronte a um quadro no museu apreciando os detalhes do desenho e as sutilezas da cor. O fato implica numa adaptação à sensibilidade mais exagerada e agressiva do usuário desta nova cidade. O resultado é muito diferente daquela pintura clássica, religiosa ou aristocrática de origem europeia que nós aprendemos a gostar. As fotos de Walter Menezes ( www.instagram.com/wmarqui ) mostram a paisagem urbana tal como ela se apresenta, sem a idealização ou a ordenação dos elementos que a compõem. Apresentam o aspecto efêmero da cidade em constante mutação. Construção e destruição. Ao rasgar o cartaz, o transeunte provoca uma colisão entre a palavra

THE HANNOVER DIARY III

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30 / 06 / 2013 6:53 h. 30 / 06 / 2013 6:54 h. 01 / 07 / 2013 7:14 h. 01 / 07 / 2013 7:15 h. 02 / 07 / 2013 7:12 h. 03 / 07 / 2013 7:06 h. 04 / 07 / 2013 7:21 h. 04 / 07 / 2013 7:22 h. 07 / 07 / 2013 6:53 h. 08 / 07 / 2013 7:43 h. 08 / 07 / 2013 7:45 h. 09 / 07 / 2013 7:21 h.

POÉTICA

                                                                                        Vinícius de Moraes                                                 De manhã escureço                                                 De dia tardo                                                 De tarde anoiteço                                                 De noite ardo.                                                 A oeste a morte                                                 Contra quem vivo                                                 Do sul cativo                                                 O este é meu norte.                                                 Outros que contem                                                 Passo por passo:                                                 Eu morro ontem                                                 Nasço amanhã                                                 Ando o